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Maria Padilha das Almas
Conectados No Axe terça-feira, 27 de outubro de 2015 às 00:20 0 Editar




Tereza invadiu a igreja de uma forma como nunca havia feito antes. Não se benzeu e nem ao menos olhou para a imagem de Cristo, que de sua cruz, agonizante, parecia olhar diretamente para ela enquanto avançava pela nave. Precisava falar com o padre Olavo nesse instante, não havia tempo a perder.

- Padre! - seu grito ecoou pelas paredes repletas de símbolos aos quais ela sempre dera imenso valor, mas que nesse momento nada mais eram que meras imagens que apontavam-lhe o dedo culpando-a pelo pecado gravíssimo que cometera. 

- Padreee! A voz subira de tom a ponto de atrair imediatamente o coroinha que estava a dormitar atrás do altar.

- Dona Tereza! O padre Olavo foi atender um doente que precisa de extrema unção! A mulher sentou-se em uma cadeira da primeira fila e desatou em copioso pranto. O menino sem saber o que fazer correu para a rua e encontrou o padre que vinha já bem perto. - Dona Tereza está chorando como louca lá na igreja, o caso deve ser sério! - Olavo sen! tiu um baque no peito.

- O que teria acontecido? Alguém teria descoberto?

- Tudo bem Jonas, pode ir para casa que eu cuido disso. Apressou o passo e da porta ouviu o choro da mulher. 

- Tereza, o que houve? - Com um salto ela levantou-se e com o dedo estendido para ele gritou: 

- Eu estou grávida, cafajeste! Grávida de você! Como pode deixar isso acontecer? Você me jurou que isso não seria possível, que não podia ter filhos. O que faço agora? Meu nome será lançado na lama! E meu marido? Meus filhos? 

- Calma! - ele tentava ganhar tempo enquanto em sua cabeça as imagens passavam em turbilhão. 

- O que faria com essa louca? Fora ela quem o seduzira, enfiara-se em sua cama, nua, em uma tarde que gostaria de esquecer. Tentara-o com seu belo corpo e se entregara de forma avassaladora. Porque dizia que o filho era seu? Ele mesmo sabia de seus amantes, ditos em momentos de confissão muito antes da tarde fatídica.

-Vamos sentar, respire fundo! Como sabe que é meu? - Falava pausadamente! tentando inspirar confiança 

- Não pode ser de seu marido ou... de outro? - Só o que me faltava era isso - o tom subira novamente

- me engravida e ainda me chama de vagabunda. Nunca mais dormi com homem algum depois de nosso encontro, meu marido viaja muito e nas poucas vezes que esteve em casa, não me entreguei a ele, por amor a você! - Depois de pensar um pouco falou: 

- Então não há alternativa além do aborto, procure uma dessas velhas rezadeiras e dê um jeito nisso, o que espera que eu faça? 

- Precisamos fugir, eu abandono tudo para ficar ao seu lado! - desesperada segurava a batina do padre com força 

- Teremos nosso filho longe daqui! - Tentando ganhar tempo Olavo tirou as mãos dela de sua roupa. dirigiu-se ao altar e tamborilou com os dedos sobre a branca toalha, virou-se com raiva: 

- Nunca! Vire-se! Você foi a culpada, me levou para a perdição agora quer acabar comigo? Como posso largar o sacerdócio e viver com uma prostituta que deita em qualquer cama com qualquer um? 

- Tereza deu um grito de ódio e partiu para cima do padre. Havia um punhal em sua mão. A lâmina afiada foi cravada no abdômen do rapaz que caiu de joelhos. Tereza continuava com a arma na mão manchada com o sangue do padre e foi com ela que cortou a própria jugular, tendo morte quase instantânea. 

Por muitos anos o espírito de Tereza foi torturado pelas visões dessa e de outras vidas em que sempre causara sofrimento e mortes. Ao atingir um nível de compreensão adequado ao caminho evolutivo, tornou-se Maria Padilha das Almas, e ainda hoje busca ajudar a todos que a procuram tentando fazer com que novas almas não se percam como ela se perdeu por diversas vezes. Somente quem já teve contato com essa grande pomba-gira, sabe dos conselhos firmes dados por ela e da tristeza que ainda deixa transparecer em suas incorporações. 

Laroiê a Maria Padilha das Almas!

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